Cultura
Nhow Hotel, Berlim

O Nhow simboliza o espírito de Berlim: sóbrio no seu exterior, explosivo no interior.Por fora apresenta formas e um espírito quase surrealista... talvez até o ar meio enfadonho dos antigos edifícios soviéticos: não é com surpresa que ocupa o esqueleto de uma antiga alfândega do rio Spree.Ao primeiro olhar, e não fosse pelo seu tamanho, a fachada poderia passar despercebida. Mas visto do rio a percepção muda radicalmente: um enorme bloco sobressai no último piso para romper a uniformidade, como que avisando que aí mesmo termina o convencional. E é daí mesmo que aparece a primeira surpresa do lugar.Esse bloco "esconde" três andares de espectaculares estúdios que servem de inspiração aos músicos que procuram qualidade tecnológica e uma soberba vsta sobre os telhados berlinenses. Quem ali vai quer trabalhar com René Rennefeld, director dos míticos Hansa Studios, onde lendas como Davi Bowie, U2 ou REM gravaram alguns dos seus maiores êxitos.Bem próximo ficam filiais de algumas das maiores multinacionais da distribuição e produção musical, que recorrem ao Nhow para gravar, mas também para fazerem apresentações, conferências ou eventos. é pois habitual que, se ali ficar, se depare com estrelas, cortes de ajudantes e meios de comunicação.Em apenas dois anos, o Nhow converteu-se num ícone de arte, no sinónimo de música em Berlim. Ali, descanso e rock n roll convivem sem problemas: os hóspedes não podem aceder aos últimos andares, nem os profissionais aos quartos.Os quartos do hotel convidam, como não podia deixar de ser, à música, com as suas imensas colunas e inúmeros canais internacionais ade video clips. Nas suites, guitarras eléctricas, amplificadores e até um piano de cauda, branco, tudo para a inspiração dos hóspedes.A música é o único leit-motiv coerente do seu design interior, concebido pelo guru Karim Rashid. No seu segundo projecto, Nhow, a marca da NH de hotéis urbanos de última geração, superou a sua primeira criação, em Milão. Em Berlim deixaram os convencionalismos de lado e confiaram num designer mais histriónico, extravagante e pop do panorama internacional. E Rashid respondeu, superando qualquer desvario psicadélico: dotou um edifício formalmente matemático - obra do arquitecto russo Sergei Tchoban - de cores histéricas e volumes impossíveis. Rompe com as linhas rectas que presidem no exterior, oferecendo um catálogo de surrealismo caleidoscópico, de formas curvas e esféricas, apenas possíveis na mente de um génio como Rashid.Egocêntrico, estridente, escandaloso... os adjectivos são poucos e insignificantes para definir Rashid quando se vê que converteu duas bolhas rosas e brancas numa recepção; como consegue tornar acolhedor um restaurante de cores berrantes e anti-natura; ou como transforma um quarto numa homenagem cromática ao Petit Suisse. O exagerado culto da sua personalidade reflecte-se nos elevadores, em cujo tecto há diferentes fotografias do designer de origem egípcia com a sua mulher, Ivana Purić. E a mão do artista também salpica o exterior onde, no Inverno, se instala uma pista de gelo... de cor rosa escandalosa!

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